Este é um blogue deslumbrado. Pelas cores, pelas texturas, pelas formas, pelos recortes, pelos pequenos tesouros. Tão deslumbrado que tem uma voz. Pode ser a voz das cores.

31/12/2015

último dia de dois mil e quinze aos bocados (uma pessoa fica tonta e ainda nem começou a beber)

manhã toda nevada na serra (mas é uma neve especial, que vem formatada na última versão,  beta_floral_7E0, e salpicada de beterraba ou lá o que é aquilo)

ovinhos estrelados ao pequeno-almoço (pequeno não, minúsculo, minúsculo-almoço)

olhei para o céu e não estava estrelado (palavra emprestada pela foto anterior), estava arrendado (pela noiva do morcego, atrasadíssima)

escultura em pasta de papel inspirada no alce (em branco, também há em verde claro - é perguntar na loja)

na produção desta publicação imperiódica gostamos muito de jogar ao berlinde e ganhamos imenso com isso

fruta da época (lavada e quase escorrida - é só esperar um bocadinho - pronta a cozinhar, sem glúten)

não mostro, quem quiser que adivinhe a cor do meu olho (quem me passa a toalha?)

acho imenso mal que Vermeer só se tenha interessado por azuis e amarelos e luz e não sei quê, para mim não olhou, nem quando eu era nova... parvo


Desejo a todos os queridos leitores um ano de 2016 cheio das cores mais lindas.

28/12/2015

a roçar um anoitecer rico em proteínas e em vendaval

pré-lançamento de sementes para a edição biologia floral dois mil e dezasseis

senhoras e senhores, apresentamos rosinha-flor, a única sobrevivente (com esta cor) do temporal! (espécie protegida, por outras palavras)

claro que me apaixonei (aquilo de sujar tudo sozinho e fazer róinc róinc para a câmara não tem problema nenhum, educa-se)

apanhadas antes de pentear, bolas
(um contra-luz do tipo "you can leave your hat on" mas estas não quiseram)


Modelos fotografados num vendaval apanhado ontem no Parque Biológico de Miranda do Corvo (sim, não encontrei o bichinho no wild, não este)

27/12/2015

o melhor presente de natal



acabadinha de roubar do céu: a lua cheia a transbordar escuridão (nunca tinha visto um halo de vaidade assim)

20/12/2015

coisas que acontecem (ou que a gente encontra acontecidas)

caiu-me o céu em cima da cabeça... bolas

rabanadas crocantes completamente gourmet: em cama de outras rabanadas com redução de gordura

canso-me de tanta beleza na pele (e dos cuidados com os picos)

perdidos e achados de veludo na pedra (ao sol, não ao sal) 

14/12/2015

pedaços de dezembro apanhados à sombra

plantação de luvas de algodão (à espera dos dedos que faltam)

verdete apaixonado sobre a casca grossa que julga ser pele... macia


cobre puro disfarçado de folhas (mal, esqueceram-se de cair)

"a perfeição é um fervor paralelo", João Vário

Pedaços colhidos nos países baixos, ontem, sem sol.

03/12/2015

restinhos de coleção com teaser para o verão (rimou)

fato de cerimónia auto-brilhante (assenta muito bem)

saia havaiana em rajada de vento (julga-se dona do sol)

riscas em fractal evolutivo com borbulhas design (à sombra, para não evoluir demais)

trompete em leilão (doado pela orquestra que fechou o evento)

próxima época: um cheirinho a praia - olhá bola fresquinhaaaaa!!!! 

28/11/2015

antes que novembro parta, banqueteamo-nos com ele

no verso de uma folha um poema (molhado)
outono a arder
claras em castelo invertido (do contra)
dói-me o verde (de tão belo)
despenteadas de cabelos ao sol
concerto para piano a seis mãos (porque não me ocorre nada que melhor descreva esta surpresa de sabores)
cogumelos bordados (não fui eu)
bebidas para todos 
(ou bolas de cristal em teia de aranha armada junto ao chão)

Fotografias de hoje, de um deslumbre ocorrido a meio deste Portugal dos pequeninos que afinal são grandes.

22/11/2015

pequeno mundo à beira de uma lusa estrada de novembro

tão cheia de outono sinto-me grande

maminhas ao sol (entusiasmadas)

fruto tropical de sabores sortidos (e do tamanho de um polegar antes de se barbear)

espinha de um peixe muito verde (não sabe nadar)

a joia da família

em pose pedindo boleia

07/11/2015

ainda dois pedaços de outubro

empate no derby lisboeta

envelhecer em beleza (e provavelmente em poesia)

Portugal (também é isto).

01/11/2015

adeus, outubro

bagas em suspensão (suculentas por fora)

salada verde que a chuva temperou

diagonal em talha prateada

plissado de míscaros abocanhados (deve ter sido um javali)

casa com piscina e pinheiros de natal (no jardim)

diamantes em plano inclinado

Outubro despediu-se assim, no centro de Portugal, por dentro da serra.