Este é um blogue deslumbrado. Pelas cores, pelas texturas, pelas formas, pelos recortes, pelos pequenos tesouros. Tão deslumbrado que tem uma voz. Pode ser a voz das cores.

28/03/2016

horizontal, vertical e diagonal, pena não ser natal (para rimar)

projeto horizontal de escovilhão para biberons lavável à chuva (voltaremos quando for aprovado)

disposição vertical de pastilhas de mentol para dores de garganta biodegradáveis
(desfazem-se na boca após quatro a seis utilizações, muito económicas)

diagonal de peguinhas sem glúten para queijo aos pedaços, morangos inteiros ou, fora das refeições, para coçar as costas a alguém
(ecológicas e fáceis de usar, é só arrancar)

fotografias tiradas a escassos metros do almoço de páscoa, às beiras de lisboa

20/03/2016

a primavera chegou à chuva (e o inverno já chega)

rosinhas ao sal 
(o sol não quis vir)
saudando a primavera

o sol: apanhado a deitar-se entre as nuvens
(fomos à procura dele)

07/03/2016

história universal condensada (lê-se num instante)

primeiro o sol nasce 
(a desfocagem invoca um observador estremunhado)

 depois vieram os mamutes
(a produção não encontrou mamutes; este cavalo bojudo de grandes dimensões aceitou o papel e pergunta se é este o seu melhor lado)

 entusiasmado com tamanha força bruta, o homem inventou a roda (supõe-se que enquanto colhia bolotas vermelhas)

 a poesia entra aqui e vem para ficar: 
os meus verdes beijos 
de frescos tanto 
a tua face alva, 
afloram, meu amor
e enlaçados, braços nossos têm
a mim e a ti, como em nuvens, minha flor
(uma coisa assim)

 chega a geometria descritiva (no espectro do castanho)

 na música, em português de camões - não há estrelas no céu, não, não há
(no chão é que há; há mas são verdes)

 aparece o código de barras
(duplo e altamente confidencial, ainda não patenteado) 

e o sol põe-se

imagens colhidas no leste da holanda, aos quatro graus celsius e aos seis dias andados em março de dois mil e dezasseis